terça-feira, 29 de maio de 2007

Emenda ao post anterior (coloboração do prof. André Dias) :

"Apenas uma pequena correção com relação ao filme Quase Dois Irmãos: o Paulo Lins é um dos roteristas e a direção é de Lúcia Murat , que também assina o roteiro junto com o Paulo."

Foi mal, professor. Agente não vamos mais errar.

Agradicida pela ajuda.

segunda-feira, 21 de maio de 2007








Oh Mímesis


Gozamos, nestes tempos tecnocráticos, do benefício da ignorância. Brasileiros então, fomos agraciados com um passado imaculado – já que inexistente – e podemos assim singrar os rios da vida alheios aos acontecimentos e sempre na confortável posição das pobres vítimas.

Mas por que, meu Deus, por que algumas pessoas não gostam da calmaria e vêm nos incomodar com coisas tão chatas inerentes à realidade?

Ocorre que de uns tempos para cá vem se desenvolvendo um neo-cult-engajamento que tem tratado de relembrar aos desmemoriados ou seus herdeiros que o Brasil não é um filho bastardo do Istaduisunidus que tem como ama de leite a Globeleza; e que além de passado possuímos também um presente-ausente tão digno quanto o outro da atenção do grande público.

Neste sentido agracio neste blog dois representantes desse movimento pró-mimesis: A peça Rasga Coração do Vianninha e o filme Quase dois irmãos do Paulo Lins. Claro que não foi aleatória a escolha. Acontece que na mesma semana vivenciei as duas obras e, transbordando sentimentos contraditórios, emocionei-me com o material de que fomos feito: nossa história. A ambos dou meu selo JAMM de qualidade cultural e artística; entretanto, há que se ressaltar que as obras, de certa forma, se completam cronológica e historicamente. A peça passeia lindamente da década de 30 até 70. O filme, de 70 até 2000. Em ambos, cada qual em seu gênero, os conflitos nacionais são mostrados magnificamente como pano de fundo para os reais problemas nossos de cada dia. O interpessoal. O familiar. Conflitos de gerações e o conflito da pessoa - ladrão, guerrilheiro, dona-se-casa, estudante. Não importa – com ela mesma em busca de respostas que jamais poderão ser respondidas, questões para as quais não há nem pode haver uma só resposta sem que esta se revele incompleta.

Clap-Clap. Belíssimo.

Fazendo uma releitura: Acenderei sete velas e rezarei dez contos de Rosa em louvor à Mímesis.